1. Leia o texto a seguir e responda às
questões.
Espelho no cofre
De volta de uma longa peregrinação
um homem carregava sua compra mais preciosa adquirida na cidade grande: um
espelho, objeto até então desconhecido para ele. Julgando reconhecer ali o
rosto do pai, encantado, ele levou o espelho para sua casa.
Guardou-o num cofre no primeiro
andar, sem dizer nada a sua mulher. E assim, de vez em quando, quando se
sentia triste e solitário, abria o cofre para ficar contemplando “o rosto do
pai”.
Sua mulher observou que ele tinha
um aspecto diferente, um ar engraçado, toda vez que o via descer do quarto de
cima. Começou a espreitá-lo e descobriu que o marido abria o cofre e ficava
longo tempo olhando para dentro dele.
Depois que o marido saiu, um dia
ela abriu o cofre, e nele, espantada, viu o rosto de uma mulher. Inflamada de
ciúme, investiu contra o marido e deu-se então uma grande briga de família.
O
marido sustentava até o fim que era seu pai quem estava escondido no cofre.
Por sorte, passava pela casa deles
uma monja. Querendo esclarecer de vez a discussão, ela pediu que lhe mostrassem
o cofre.
Depois
de alguns minutos no primeiro andar, a monja comentou ainda lá de cima:
— Ora, vocês estão brigando em vão: no cofre
não há homem nem mulher, mas tão somente uma monja como eu!
|
COSTA, Flávio Moreira da (org.). Os cem melhores contos de humor da
literatura universal. Rio de Janeiro: Ediouro, 2001.
Meu — eu
a) O
que teria levado o homem a guardar o espelho num cofre?
Espera-se que o aluno observe que em cofres se guardam objetos
valiosos. Para o homem o espelho era valioso porque lhe mostrava o “rosto do
pai”.
b) Qual
o conflito gerador do enredo?
( ) Um
homem ter guardado um espelho num cofre sem avisar a esposa.
( ) A
esposa ter aberto o cofre sem o conhecimento do marido.
( X ) O
marido e a esposa não concordarem quanto àquilo que veem no espelho.
c) Ao
elaborar o enredo, o autor substituiu algumas expressões para melhorar a
continuidade do texto. Para isso, nas duas frases transcritas a seguir, ele
usou o pronome o. Observe isso,
depois responda à questão.
Guardou-o num cofre no primeiro andar, sem
dizer nada a sua mulher.
Sua mulher observou
que ele tinha um aspecto diferente, um ar engraçado, toda vez que o via descer do quarto de cima.
Em
ambas as frases o pronome substitui o mesmo termo? Explique.
Não. Na primeira frase o pronome refere-se a espelho e, na segunda,
ao homem.
d)
No conto, o personagem principal é
( X ) o homem ( ) a
mulher ( ) a monja
e)
Em que livro o conto foi publicado?
Os Cem Melhores Contos de Humor da Literatura Universal.
f)
Por que esse conto pode ser considerado de humor?
Espera-se que o aluno comente o desfecho do conto. Há quebra de
expectativa: a monja não encontra um homem no cofre, conforme dizia o homem,
nem uma mulher, como sustentava a esposa, e sim uma monja. Nenhum dos três
personagens percebeu que encontrava o próprio reflexo.
g)
Quando se passa a história? Há, no texto, palavra ou expressão que indique o
tempo da história?
Não há, no texto,
essa informação.
2. No conto lido, você viu que os personagens não se
reconheceram ao olhar-se no espelho. E os elefantes? Leia o texto a seguir e
saiba o que a ciência afirma sobre isso.
ESPELHO, ESPELHO MEU
Cientistas
descobrem que os elefantes se reconhecem diante do espelho
Imagine
a cena: uma elefanta olha para dentro de sua própria boca em frente a um
espelho. Parece trecho de desenho animado, mas não é. Uma pesquisa liderada
por psicólogos acaba de mostrar que os elefantes se reconhecem ao ver sua
imagem refletida num espelho. Até agora só se sabia que os grandes macacos e os
golfinhos — além, é claro, dos seres humanos
— conseguem compreender que, ao olhar para
um espelho, estão vendo a si mesmos.
Se
você tem algum bichinho de estimação, pode fazer o teste. Os gatos e
cachorros, por exemplo, quando são postos na frente de um espelho, agem com
curiosidade, mas logo depois se desinteressam pelo que veem. “Gatos e cães
podem aproximar-se do espelho, às vezes dar a volta para ver se há alguma
coisa atrás, ou, então, nem prestar atenção”, conta César Ades, pesquisador
do departamento de psicologia experimental da Universidade de São Paulo. “Já
algumas espécies de passarinhos e certos macacos acreditam que a imagem
refletida é um outro animal, chegando a brigar com seu reflexo ou até fugir
dele”. Os elefantes, por sua vez, se comportam de maneira diferente, como
comprovaram os cientistas após realizarem experimentos com esses animais.
Por cerca de cinco dias, todas as manhãs, três
elefantas – Happy, Maxine e Patty — eram
colocadas, por uma hora, na frente de um espelho que foi pregado na parede do
pátio onde elas vivem no zoológico de Nova Iorque, Estados Unidos. Durante
esse tempo, três câmeras filmaram todos os movimentos dos bichos, sendo que
uma, posta atrás do espelho, mostrou bem as reações dos paquidermes.
O
espelho usado no experimento era enorme: tinha quase 1,20 metro de largura
por 2,50 metros de altura. No primeiro contato com ele, os elefantes
mostraram curiosidade pelo novo objeto. Investigaram a sua superfície e a sua
moldura, tocando em ambos com a tromba e até farejando. A parede onde estava
o espelho também foi explorada pelos bichos, que tentaram escalar o muro para
ver o que tinha do outro lado.
É
importante dizer, porém, que os cientistas também observaram os elefantes
quando ainda não havia sido posto o espelho no zoológico e, quando fizeram
isso, primeiro deixaram o espelho coberto para só então revelá-lo por
completo. Isso foi fundamental para mostrar que os elefantes faziam coisas na
frente do espelho que não realizavam quando ele não estava lá.
Quer
alguns exemplos? Os elefantes fizeram suas refeições bem na frente do
espelho, coisa que nunca tinham feito antes. Além disso, eles balançaram sua
tromba e seu corpo repetitivamente e de um jeito diferente do normal. Maxine
chegou a colocar a ponta da tromba dentro da boca e agir como se estivesse
analisando o seu interior. Além disso, ficou jogando a orelha de um lado para
o outro na frente do espelho —
comportamentos que indicam a tendência dos elefantes de analisar seus
próprios corpos, assim como nós fazemos na frente de um espelho.
Outro
teste bem bacana foi o seguinte: os pesquisadores fizeram um X bem em cima do
olho dos elefantes, ou seja, num lugar que eles não conseguem enxergar.
Quando ficou na frente do espelho, Happy começou a tocar a tal da marquinha
que fizeram nela. O que isso quer dizer? “Um elefante que esfrega uma marca
que viu, ao espelho, no seu rosto, está demonstrando capacidade de pensar que
a imagem que ele vê diante de si na verdade corresponde ao seu próprio
corpo”, conta César Ades.
Ficou
assim comprovada a capacidade de os elefantes se reconhecerem no espelho. E
se você achou essa pesquisa divertida, saiba que, para entender mais sobre
como funciona a mente desses animais, muitos estudos ainda virão. A conferir!
|
Disponível em: <http://chc.cienciahoje.uol.com.br>.
Acesso em: 15 dez. 2012.
a)
Assinale a que gênero textual o texto lido corresponde.
( ) verbete
( ) poema
( ) reportagem
( X ) divulgação
científica
( ) relato
b)
Qual a função do gênero textual a que o texto Espelho, espelho meu corresponde?
Como um texto de divulgação científica, Espelho, espelho meu informa uma descoberta científica.
c)
Qual o assunto principal do texto?
Elefantes se
reconhecem diante do espelho.
d) No
gênero a que pertence o texto lido é comum encontrarmos a fala de estudiosos.
Qual a função dessas citações?
Dar credibilidade ao que se trata no texto.
e) Copie uma dessas citações e identifique o
cientista ou estudioso responsável pela fala.
“Gatos e cães podem aproximar-se do espelho, às vezes dar a volta
para ver se há alguma coisa atrás, ou, então, nem prestar atenção”, conta César
Ades, pesquisador do departamento de psicologia experimental da Universidade de
São Paulo.
f)
Que sinal de pontuação foi usado nesse texto ao apresentar o discurso do
especialista?
Aspas
g)
Você reconhece o título do texto? Ele faz referência a outro texto, um conto,
bastante conhecido. A que texto pertence, originalmente, a expressão “espelho,
espelho meu”?
Ao conto Branca de Neve e os Sete Anões.
3. Leia
o poema a seguir e responda às questões.
Poema A
Viagem
no espelho
Roseana Murray
Espelho,
espelho meu
Diga
a verdade
Quem
sou eu?
Se
às vezes me estilhaço
Se
às vezes viro mil
Se
quero mudar o mundo
Se
quero mudar o rosto
Se
tenho sempre na boca
Um
gosto de água e de céu.
Se
às vezes sou tão só
Quando
me viro do avesso.
Se
às vezes anoiteço
Em
plena luz do sol
Ou
então amanheço
Com
vontade de voar.
Espelho,
espelho meu
Diga
a verdade, quem sou eu?
Disponível
em: <http://docecomoachuva.blogspot.com.br>. Acesso em: 15 dez. 2012.
Poema B
|
a) Indique
as informações abaixo solicitadas.
|
Poema A
|
Poema B
|
Título
|
Viagem no espelho
|
O velho do espelho
|
Autor
|
Roseana Murray
|
Mário Quintana
|
Número de versos
|
17
|
14
|
b) Relacione
cada um dos poemas a um dos textos anteriores. Justifique sua resposta,
evidenciando a semelhança entre os textos relacionados.
Sugestão de resposta — Viagem no
espelho assim como Espelho, espelho
meu trazem como tema o reconhecimento com o espelho. No caso dos elefantes
esse reconhecimento é exterior, no caso do poema anterior. O velho do espelho, de Mário Quintana, pode ser relacionado a Espelho no cofre, já que o eu lírico,
assim como o homem do conto, ao olharem-se no espelho reconhecem a face dos
respectivos pais. Professor, acolha outras respostas observando a coerência na
justificativa.
c) Textos
poéticos contam com o uso de alguns recursos que lhes dão expressividade, como
repetição de palavras e utilização de rimas. Sobre isso, indique:
· três
versos em que se observe repetição de palavras ou expressões.
Se às vezes me estilhaço
Se às vezes viro mil
Se quero mudar o mundo
Se quero mudar o rosto
Se tenho sempre na boca
· no
poema Viagem no espelho, que palavra
rima com:
Meu — eu
Avesso - anoiteço