Interpretação de Texto - 7 Ano

1.  Leia atentamente o texto a seguir e responda às questões.

A rifa do cavalo morto

              Havia numas terras lá para os lados de Minas um sitiante que enfrentava sérios problemas financeiros. Assim, quase sem nada para comer, disse a sua mulher:
              — A solução é nóis vendê o Ventania. Vou inté o sítio do cumpadi Glacindo oferecê nosso cavalo.
              O caboclo, então, com muito carinho e com água nos olhos, encilhou o Ventania, montou e partiu a todo o galope para o sítio de seu compadre.
              O dia já se ia quando os compadres conseguiram acertar um preço para o Ventania: 200 contos. Ficou combinado que Glacindo buscaria o cavalo, logo que arrumasse novos arreios, o que não passaria de dois dias.
              Dito e feito. Passado dois dias, Glacindo, na carona de um viajante motorizado, desce na porta do compadre:
              — Conformes o combinado vim buscá o Ventania.
              — Cumpadi, ocê me discurpa, mas o Ventania morreu.
              — Morreu?
              — Morreu.
              — Bão, sendo assim, intão, ocê me devorve o dinheiro.
              — Apois cumpadi, tava necessitado e gastei tudo.
              — Intão cumpadi, vou levar o cavalo.
              O caboclo ficou todo atrapalhado e perguntou:
              — Mas o que ocê vai fazê com um cavalo morto?
              — Vou rifá.
              — O cavalo morto?! Quem vai querê?!
              — Ué! É só eu num falá que ele morreu!
              “Isso não pode dar bom resultado”, pensou o caboclo, mas ficou quieto.
              E foi que o compadre Glacindo levou o Ventania para o sítio.
              Passado um mês, os dois se encontraram e o caboclo que era dono do cavalo pergunta:
              — Ô cumpadi, e o Ventania?!
              — Rifei. Vendi 400 biete a 2 conto cada. Consegui 798 conto.
              — Eita! E ninguém reclamou?
              — Só o homi que ganhô.
              — E o que ocê feiz?!
              — Ora, devorvi os 2 contos pra ele!
              Salve-se quem puder! 
Disponível em <http://www.recantodasletras.com.br>. Acesso em: 31 dez. 2012.

a) O texto lido é um

(     ) verbete                         (  X  ) causo              (     ) relato

b) O narrador do texto é personagem ou observador? Justifique sua resposta com um trecho do texto.
Narrador observador. “O caboclo, então, com muito carinho e com água nos olhos, encilhou o Ventania, montou e partiu a todo o galope para o sítio de seu compadre.”


c) Como o narrador caracteriza o personagem “cumpadi Glacindo”?
Sitiante.

d) Que outra característica você atribuiria a esse personagem? Explique.
Resposta do aluno. É possível, por exemplo, indicar a esperteza como característica de “cumpadi Glacindo”, já que ele encontrou uma forma de lucrar com a morte do cavalo.

e) Conte resumidamente o enredo do conto.
Compadre Glacindo comprou o cavalo Ventania. O cavalo morreu. Para não ficar no prejuízo, rifou o animal sem mencionar que estava morto. Ao ganhador da rifa, devolveu os dois contos do bilhete.

f) Qual fato desencadeia o conflito?
A morte do cavalo ventania.

g) Observe a fala do narrador e dos personagens. A variedade de português observada não é a mesma nas duas situações.

A variedade observada na fala do narrador é    

(   X   ) urbana.     (       ) rural.

Copie um trecho que justifique sua escolha.
Ficou combinado que Glacindo buscaria o cavalo logo que arrumasse novos arreios, o que não passaria de dois dias.

A variedade observada na fala das personagens é

(       ) culta.  (   X   ) caipira.

Copie um trecho que justifique sua escolha.
— E o que ocê feiz?!
— Ora, devorvi os 2 contos pra ele!

h) Onde se passa a história?

Numas terras lá para os lados de Minas.

2. Leia a seguir um fragmento de cordel e responda às questões.

A morte de Chico Mendes deixou triste a natureza
Manuel Santamaria
A Poesia de Cordel
também presta seu tributo
ao nosso mártir da mata,
sindicalista astuto,
ecólogo destemido,
que fez o mundo sentido
e a natureza de luto.

Xapuri foi o seu berço
e a morada final.
O reinado de terror
em Marabá foi fatal
a esse herói seringueiro,
mas o grito do guerreiro
teve eco mundial!

Francisco Mendes pediu
trégua na destruição
criminosa da Amazônia,
nosso sagrado pulmão,
que o mundo todo venera
guardiã da atmosfera,
exposta à devastação.

Valente e humano escudo
protetor das nossas terras.
Combateu contra os tratores,
machados e motosserras.
Sua batalha exemplar
há de se multiplicar
noutras batalhas e guerras!
A natureza chorosa,
no nosso peito esse nó.
Ecoam dentro da mata
gemidos de fazer dó.
Choram cascatas e rios
prantos sentidos e frios...
o uirapuru canta só.

Na solidão da floresta,
aves, plantas e animais,
órfãos, fracos, indefesos,
exalam seus tristes ais,
pedem o fim da matança
e a destruição que avança,
mutilando os matagais!
[...]
Disponível em: <http://www.ablc.com.br>. Acesso em: 26 dez. 2012.

a)  Quantos versos compõem cada estrofe do excerto?
7 versos.

b) Na primeira estrofe, sabe-se que o poema é uma homenagem, um tributo a Chico Mendes, “mártir da mata”. Explique o que essa expressão significa, tendo em vista o contexto dos versos.
Mártir é aquele que dá a vida por um ideal. No caso de Chico Mendes, seringueiro e sindicalista, foi morto por combater a destruição da Floresta Amazônica.


c) Releia a primeira estrofe do fragmento e assinale a acepção mais adequada da palavra sentido, tendo em vista o contexto.
(          )    objetivo, propósito                                 
(          )    ressentido, magoado
(    X    )    pesaroso, triste                           
(          )    direção, rumo

d) Sobre as afirmações a seguir, assinale V (verdadeiro) ou F (falso).
(    V   )    Sabendo que Xapuri é uma cidade no Acre, entende-se em “Xapuri foi o seu berço/e a morada final”, que Chico Mendes nasceu e morreu nessa cidade.
(    V   )    Nos versos, a Amazônia é caracterizada como “sagrado pulmão” e “guardiã da atmosfera”.
(    F    )    O texto convoca as nações a proteger a natureza.

e) Percebe-se uma preocupação com a sonoridade, observada, por exemplo, pela presença de rimas. Quais palavras rimam, na 5ª estrofe do excerto, com:
 dó; só
rios   frios


3. Leia os textos a responda às questões.

Brasil
Cazuza

Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer

Não me ofereceram
Nem um cigarro
Fiquei na porta estacionando os carros
Não me elegeram
Chefe de nada
O meu cartão de crédito é uma navalha

Brasil
Mostra tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim

Não me convidaram
Pra essa festa pobre
Que os homens armaram pra me convencer
A pagar sem ver
Toda essa droga
Que já vem malhada antes de eu nascer

Não me sortearam
A garota do Fantástico
Não me subornaram
Será que é o meu fim?
Ver TV a cores
Na taba de um índio
Programada pra só dizer “sim, sim”

Brasil
Mostra a tua cara
Quero ver quem paga
Pra gente ficar assim
Brasil
Qual é o teu negócio?
O nome do teu sócio?
Confia em mim

Grande pátria desimportante
Em nenhum instante
Eu vou te trair
(Não vou te trair)

© Warner Chappell / Editora Natasha. 63188260
Disponível em: <http://www.vagalume.com.br>. Acesso em: 25 dez. 2012.

a) Essa é mais uma letra de canção que tem como tema o Brasil. Cazuza, em seus versos, faz crítica à sociedade e à política do país. Explique essa afirmação e justifique com trecho do texto.
Resposta do aluno. Nessa letra, percebemos alusão à corrupção, à desigualdade social e ao fato de o povo brasileiro ser explorado. “Quero ver quem paga/Pra gente ficar assim/Brasil/Qual é o teu negócio?”.

b) O uso do pronome teu evidencia que o eu lírico se dirige a um interlocutor. Quem é esse interlocutor?
O Brasil

c) Que expressão da 1ª estrofe revela que a miséria é uma herança social?
“antes de eu nascer”.

d) Tendo em vista o contexto da música, assinale V nas afirmações que julgar verdadeiras e F para as que julgar falsas.

(    V   )   Uma interpretação possível para o verso “O meu cartão de crédito é uma navalha” é a de que para parte da população brasileira o único meio de pagar as contas é roubando.   
(    F    )   Na quinta estrofe, salienta-se a importância da TV para informar a população.   
(    F    )   As palavras “me, mim, te” são pronomes oblíquos encontrados na letra. Observa-se que a posição desses pronomes não segue o que determina a norma padrão.   

e) É possível afirmar que, apesar dos problemas citados, o eu lírico ainda acredita num futuro melhor para o país? Transcreva um trecho que sustente sua resposta.
Os versos expressam a insatisfação e indignação de um povo que, apesar de explorado, ainda acredita no futuro da nação. “Em nenhum instante/Eu vou te trair”.