Interpretação de texto - 7 Ano - 2

1. Leia com atenção a reportagem a seguir para responder às questões.

19/02/2013 – 04h32
Moradores de cidade russa contam como viram explosão de meteoro
SHEILA D’AMORIM
ENVIADA ESPECIAL A TCHELIABINSK

Três dias depois do meteoro, o visitante ocasional a Tcheliabinsk não percebe imediatamente que essa cidade russa de 1,1 milhão de habitantes aos pés dos montes Urais, a 1500 km de Moscou, foi a mais atingida pelo maior evento celeste do tipo em um século. Até olhar para as janelas ou falar com qualquer pessoa.
As ruas estão até movimentadas, cortesia do inverno “camarada” que ontem registrava 4ºC negativos no meio da tarde. As ruas planificadas e os prédios típicos soviéticos não traem a grande explosão ocorrida na sexta-feira.
Aí entram as janelas. No lugar dos tradicionais vidros duplos, quebrados com a onda de choque do meteoro, uma miríade de coberturas para manter o frio de fora: filme plástico, madeira, papelão, material de propaganda retirado de outdoors forram as estruturas empenadas.
Ainda que o frio, que nesta época do ano costuma ficar abaixo de 10ºC negativos, não seja dos piores, a maior parte dos escritórios da área central está desocupada.

TEORIAS E HISTÓRIAS
Contar gesticulando sua história ou desenvolver alguma teoria conspiratória, hábitos russos desde os tempos da União Soviética, são outra grande marca do meteoro.
Se você não entende russo, há sempre um celular com uma foto, um gesto para tentar descrever o momento, um machucado no corpo, mesmo que seja mínimo.
“Eu me feri, mas foi só isso”, diz Maxim Novokshonov, 34, que trabalha como intérprete e tradutor e se cortou levemente. “Mas algumas pessoas se feriram gravemente”, emenda, destacando que não tem dúvidas de que se tratou de um meteoro. “Eu vi a luz, o rastro, o barulho”, conta.
Outros suspeitam das razões do governo para isolar a região na qual caíram meteoritos resultantes da explosão — um lago a cerca de 60 km do centro de Tcheliabinsk. O motivo mais provável é evitar a corrida por meteoritos caríssimos, que já apareciam em possíveis fraudes na internet.
A região é um centro nuclear e militar importante, além de viver da indústria pesada, o que estimula suspeitas sobre testes misteriosos, como o político ultranacionalista folclórico Vladimir Jirinovski já aventou.
Sergei Ershov, dono de uma loja de roupa e cristais, era mais prosaico: mostrava animado a foto que conseguiu tirar do rastro deixado no céu azul pelo meteoro.
A motorista de táxi Masha Markova, 30, diz que estava dirigindo na hora do clarão. Com a explosão e o tremor, pensou que o pneu do carro havia furado, mas percebeu que havia gente correndo de pijamas na rua, em pânico.

ESTRAGOS
Houve danos pontuais mais consistentes, não tão aparentes para o visitante da área central. O ginásio do Traktor, um dos times de hóquei mais famosos da região, está interditado.
O engenheiro responsável pela recuperação do ginásio, Vadim Jkov, diz que o jogo do próximo domingo está garantido. O local ficou famoso: é de sua câmera de segurança a imagem de uma porta de metal de quatro metros de altura sendo arrebentada pelo deslocamento do ar.
No lugar, foi colocada uma cobertura provisória de plástico azul. A nova porta custará o equivalente a R$ 7.000.
Esporte popular na cidade, a patinação no gelo teve seu estádio interditado, com toda cobertura lateral danificada. Outro prédio bastante afetado foi a fábrica de zinco da cidade, que precisará passar por ampla reforma. Ninguém se feriu, contudo.
Na Universidade Estadual dos Montes Urais, boa parte das janelas na fachada principal estão cobertas com madeira e sendo substituídas.
Ksenia Seleziova, que estuda línguas, disse que estava na aula quando ouviu o barulho. “Foi desesperador, e todos correram.”
Viktoria Nagumanova, que faz curso técnico e mora no alojamento ao lado da universidade, conta que estava no quarto com uma amiga quando tudo tremeu.
Correram para fora e até agora não voltaram, devido ao frio que entra pelas janelas quebradas — a solução foi morar com os vizinhos até o conserto ser feito.

a)  Com que intenção esse texto foi escrito?
(           )  Convencer os leitores.
(    X    )  Informar os leitores.
(           )  Divertir os leitores.

b)  Qual o autor do texto?
Sheila d’Amorim

c)  A linguagem utilizada pela autora é adequada, tendo em vista o propósito do texto, o público diversificado e seu portador?
Sim, a linguagem segue as regras da norma-padrão e é objetiva, clara e adequada ao contexto comunicacional.

d)  No texto lê-se “maior evento celeste do tipo”. A que evento a autora faz referência?
À explosão de um meteoro.

e) No segundo parágrafo do texto, percebe-se o uso de aspas em “camarada”. Com que intenção as aspas foram usadas?
As aspas relativizam o uso do adjetivo, afinal a temperatura mencionada, para nós, é bastante baixa, mas para os russos não é tão baixa assim, visto estarem acostumados a temperaturas muito inferiores. É possível observar um trocadilho com a palavra camarada, já que além do sentido de cordial, agradável, está também muito associada à forma de tratamento característica do sistema socialista russo.   


f) Que materiais, segundo o texto, têm sido usados para substituir vidros de janelas quebrados?
[...] filme plástico, madeira, papelão, material de propaganda retirado de outdoors forram as estruturas empenadas.


2. No texto, observam-se verbos em formas nominais. Complete o quadro indicando dois exemplos de cada forma nominal transcrita da reportagem.

Infinitivo
Sugestão de resposta — olhar, falar
Gerúndio
Sugestão de resposta — dirigindo, correndo
Particípio
Sugestão de resposta — atingida, movimentadas

3. Consultando o verbete aventar no dicionário, encontra-se:

aventar [De a-2 + vento + -ar2.] Verbo transitivo direto. 1. Agitar ou mover ao vento; ventilar.
2. Atirar, arremessar, arrojar: aventar pedras. 3. Lembrar, insinuar, sugerir, aventurar (ideia, proposição, etc.): “O presidente aventou a ideia de dançar-se” (Artur Azevedo, Contos Efêmeros, p. 31); “Aventava hipóteses” (Rocha Pombo, No Hospício, p. 197). 4. Expor, enunciar: Aventou seu plano de ação. 5. Perceber ao longe; entrever, pressentir, lobrigar: Aventava possibilidades de escapar da cela. 6. Descobrir pelo faro. Verbo intransitivo. 7. Perceber ou sentir pelo olfato. 8. Bras. Retirar o pão de açúcar da fôrma. 9. Bras. Abrir-se longitudinalmente (uma tábua). 10. Bras. Irritar-se, abespinhar-se; aventar-se.
Verbo pronominal. 11. Ocorrer, lembrar: Como último expediente, aventou-se-lhe a fuga.12. Irritar-se, abespinhar-se; aventar.

Qual das acepções apresentadas é adequada ao trecho “como o político ultranacionalista folclórico Vladimir Jirinovski já aventou”?
A número 3: insinuar, sugerir.

4. Consultando o texto e o calendário a seguir, indique em que dia do mês de fevereiro ocorreu a queda do meteoro e justifique sua resposta.


15 de fevereiro. O texto foi publicado em 19 de fevereiro e menciona que o evento ocorreu na sexta-feira anterior (“as ruas planificadas e os prédios típicos soviéticos não traem a grande explosão ocorrida na sexta-feira”).

5. Reescreva a oração “No lugar, foi colocada uma cobertura provisória de plástico azul” omitindo o adjetivo que acompanha o substantivo cobertura.
No lugar, foi colocada uma cobertura de plástico azul.

6. O sentido da oração permanece o mesmo? Explique.
Não. Segundo o texto, a cobertura é provisória e deverá ser substituída por outra, definitiva. Já com a reescrita, a ideia é que a cobertura colocada não tem o caráter provisório.


7. Releia os trechos em que há falas dos entrevistados e responda às seguintes questões.

a)  Qual sinal de pontuação foi utilizado para indicar a fala dos entrevistados?
Aspas

b)  Transcreva um verbo de elocução presente na reportagem.
Conta, diz.


8. Leia o poema a seguir para responder às questões.

A lua foi ao cinema
Paulo Leminski

A lua foi ao cinema,
passava um filme engraçado,
a história de uma estrela
que não tinha namorado.

Não tinha porque era apenas
uma estrela bem pequena,
dessas que, quando apagam,
ninguém vai dizer, que pena!

Era uma estrela sozinha,
ninguém olhava para ela,
e toda a luz que ela tinha
cabia numa janela.

A lua ficou tão triste
com aquela história de amor,
que até hoje a lua insiste:
Amanheça, por favor!

a) Avalie as proposições e assinale V para as verdadeiras e F para as falsas.
(    F     )   No verso “e toda a luz que ela tinha”, o pronome pessoal ela tem como referente o substantivo lua.
(    V    )   O texto é composto por 16 versos, divididos em 4 estrofes.
(    V    )   Na terceira estrofe, há as rimas sozinha/tinha e ela/janela.
(    F     )   A lua achou engraçado o filme da estrela sem namorado.

9. Leia o conto e responda às questões.

Uma esperança

Aqui em casa pousou uma esperança. Não a clássica, que tantas vezes verifica-se ser ilusória, embora mesmo assim nos sustente sempre. Mas a outra, bem concreta e verde: o inseto.
Houve um grito abafado de um de meus filhos:
Uma esperança! E na parede, bem em cima de sua cadeira! Emoção dele também que unia em uma só as duas esperanças, já tem idade para isso. Antes surpresa minha: esperança é coisa secreta e costuma pousar diretamente em mim, sem ninguém saber, e não acima de minha cabeça numa parede. Pequeno rebuliço: mas era indubitável, lá estava ela, e mais magra e verde não poderia ser.
Ela quase não tem corpo, queixei-me.
Ela só tem alma, explicou meu filho e, como filhos são uma surpresa para nós, descobri com surpresa que ele falava das duas esperanças.
Ela caminhava devagar sobre os fiapos das longas pernas, por entre os quadros da parede. Três vezes tentou renitente uma saída entre dois quadros, três vezes teve que retroceder caminho. Custava a aprender.
Ela é burrinha, comentou o menino.
Sei disso, respondi um pouco trágica.
Está agora procurando outro caminho, olhe, coitada, como ela hesita.
Sei, é assim mesmo.
Parece que esperança não tem olhos, mamãe, é guiada pelas antenas.
Sei, continuei mais infeliz ainda.
Ali ficamos, não sei quanto tempo olhando. Vigiando-a como se vigiava na Grécia ou em Roma o começo de fogo do lar para que não se apagasse.
Ela se esqueceu de que pode voar, mamãe, e pensa que só pode andar devagar assim.
Andava mesmo devagar estaria por acaso ferida? Ah não, senão de um modo ou de outro escorreria sangue, tem sido sempre assim comigo.
Foi então que farejando o mundo que é comível, saiu de trás de um quadro uma aranha. Não uma aranha, mas me parecia “a” aranha. Andando pela sua teia invisível, parecia transladar-se maciamente no ar. Ela queria a esperança. Mas nós também queríamos e, oh! Deus, queríamos menos que comê-la. Meu filho foi buscar a vassoura. Eu disse fracamente, confusa, sem saber se chegara infelizmente a hora certa de perder a esperança:
É que não se mata aranha, me disseram que traz sorte...
Mas ela vai esmigalhar a esperança! respondeu o menino com ferocidade.
Preciso falar com a empregada para limpar atrás dos quadros falei, sentindo a frase deslocada e ouvindo o certo cansaço que havia na minha voz. Depois devaneei um pouco de como eu seria sucinta e misteriosa com a empregada: eu lhe diria apenas: você faz o favor de facilitar o caminho da esperança.
O menino, morta a aranha, fez um trocadilho, com o inseto e a nossa esperança. Meu outro filho, que estava vendo televisão, ouviu e riu de prazer. Não havia dúvida: a esperança pousara em casa, alma e corpo.
Mas como é bonito o inseto: mais pousa que vive, é um esqueletinho verde, e tem uma forma tão delicada que isso explica por que eu, que gosto de pegar nas coisas, nunca tentei pegá-la.
Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora? que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu. E, acho que não aconteceu nada.
LISPECTOR, Clarice. O primeiro beijo e outros contos. São Paulo: Ática, 1995. p. 74-76.

a) O conto é uma narrativa que contém características específicas. Assinale, dentre as informações a seguir, aquelas que caracterizam um conto.
(         )  grande número de personagens
(   X   )  um único conflito
(   X   )  texto breve
(         )  texto predominantemente descritivo
(   X   )  número reduzido de personagens
(        )  vários conflitos
(        )  texto longo
(   X   )  texto predominantemente narrativo

b) Identifique no conto:
os personagens: Mãe e o filho
local da ação:Casa da protagonista







c) Transcreva do texto uma palavra ou expressão que indique passagem do tempo.
Depois não me lembro mais o que aconteceu.

d) Uma das características de um conto é sua construção, em sequência temporal. Resumidamente, apresente com suas próprias palavras

a situação inicial:
Mãe e filho encontram em casa uma esperança que pousara.

o clima:
O aparecimento de uma aranha ameaça a esperança.  
e) Observe o foco narrativo. O texto é narrado em 1ª ou 3ª pessoa?
1ª pessoa

10. Reescreva o seguinte trecho alterando o narrador-protagonista para narrador-observador.

Uma vez, aliás, agora é que me lembro, uma esperança bem menor que esta, pousara no meu braço. Não senti nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomei consciência de sua presença. Encabulei com a delicadeza. Eu não mexia o braço e pensei: "e essa agora? que devo fazer?" Em verdade nada fiz. Fiquei extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido em mim. Depois não me lembro mais o que aconteceu.  E, acho que não aconteceu nada.

Uma vez, aliás, agora é que lembrou, uma esperança bem menor que esta, pousara no seu braço. Não sentiu nada, de tão leve que era, foi só visualmente que tomou consciência de sua presença. Encabulou com a delicadeza. Ela não mexia o braço e pensou: “e essa agora? que devo fazer?” Em verdade nada fez. Ficou extremamente quieta como se uma flor tivesse nascido nela. Depois não se lembrou mais o que aconteceu. E, acha que não aconteceu nada.